O que será que o autor Dinamarquês Peter Hoeg, o Premio Nobel Orhan Pamuk e este blogueiro que vos escreve tem em comum? Seria muito fácil pensar em uma resposta clara se nos referirmos apenas aos dois primeiros: Um talento inegável! Mas me coloco entre estes grandes escritores com uma razão (aparentemente) muito mais simplória e frívola:
Nós amamos o frio e suas paisagens brancas.
Será que é possível compreender completamente a beleza de um campo coberto de neve e uma temperatura de dois dígitos abaixo de zero quando somos oriundos de uma pais tropical e fundamentalmente verde? Assistimos uma paisagem assim, uma vez, em uma viagem, depois retornamos ao nosso ninho quente e ensolarado, contando a todos a beleza da neve e do inverno. Não sei! Creio que o senso da neve não se faz com uma olhadela ou uma briga de neve, muito menos a uma descida de snowboard junto a um chique resort de esqui. Não! O privilegio da fascinação verdadeira pelo gelo só pode atingir alguns, como os esquimós e os leitores de Pamuk e Hoeg.
Deixando a cidade de Urgrup, na região da Capadoccia no centro leste turco, durante um inverno particularmente frio, observando as poucas pessoas andando apressadamente pelas ruas escorregadias, arcadas e se protegendo do vento, tive uma sensação incrivelmente real que me fez sentir exatamente como o personagem Ka, do brilhante livro “Neve” de Pamuk: "sentei-me e, por entre a neve, olhei as luzes alaranjadas das casas mais afastadas dos bairros periféricos, as salas miseráveis cheias de gente assistindo à televisão, e os últimos telhados cobertos de neve, até que, finalmente as graciosas e trementes fitas de fumaça que se erguiam das chaminés arruinadas já não passavam de borrões aos meus olhos rasos de água”.

Na mesma viagem, retornando a Istambul, ainda mais linda depois de ser castigada por dias seguidos de nevascas, ao perambular pelas escuras ruas do Sultanahmet, vi a neve refletindo a luz da lua iluminando as casas de madeira escura com estilo otomano clássico e, novamente, compreendi o que outro autor gelado, Peter Hoeg, quis dizer em seu brilhante “Smina sense of snow”: “Talvez seja errado que lembremos os grandes momentos de nossa vida como se fossem eventos discretos e extraordinários. Talvez a paixão, a certeza absoluta da morte e o amor a neve não sejam acontecimentos repentinos. Talvez eles sempre estiveram presentes e, de alguma maneira, nunca desaparecerão completamente”.

O frio é mesmo um personagem tão complexo e profundo que não basta conhecê-lo superficialmente. Somente em algumas viagens e apenas em alguns livros podemos realmente tentar compreende-lo, tocá-lo e efetivamente senti-lo.
Nós amamos o frio e suas paisagens brancas.
Será que é possível compreender completamente a beleza de um campo coberto de neve e uma temperatura de dois dígitos abaixo de zero quando somos oriundos de uma pais tropical e fundamentalmente verde? Assistimos uma paisagem assim, uma vez, em uma viagem, depois retornamos ao nosso ninho quente e ensolarado, contando a todos a beleza da neve e do inverno. Não sei! Creio que o senso da neve não se faz com uma olhadela ou uma briga de neve, muito menos a uma descida de snowboard junto a um chique resort de esqui. Não! O privilegio da fascinação verdadeira pelo gelo só pode atingir alguns, como os esquimós e os leitores de Pamuk e Hoeg.
Deixando a cidade de Urgrup, na região da Capadoccia no centro leste turco, durante um inverno particularmente frio, observando as poucas pessoas andando apressadamente pelas ruas escorregadias, arcadas e se protegendo do vento, tive uma sensação incrivelmente real que me fez sentir exatamente como o personagem Ka, do brilhante livro “Neve” de Pamuk: "sentei-me e, por entre a neve, olhei as luzes alaranjadas das casas mais afastadas dos bairros periféricos, as salas miseráveis cheias de gente assistindo à televisão, e os últimos telhados cobertos de neve, até que, finalmente as graciosas e trementes fitas de fumaça que se erguiam das chaminés arruinadas já não passavam de borrões aos meus olhos rasos de água”.
Na mesma viagem, retornando a Istambul, ainda mais linda depois de ser castigada por dias seguidos de nevascas, ao perambular pelas escuras ruas do Sultanahmet, vi a neve refletindo a luz da lua iluminando as casas de madeira escura com estilo otomano clássico e, novamente, compreendi o que outro autor gelado, Peter Hoeg, quis dizer em seu brilhante “Smina sense of snow”: “Talvez seja errado que lembremos os grandes momentos de nossa vida como se fossem eventos discretos e extraordinários. Talvez a paixão, a certeza absoluta da morte e o amor a neve não sejam acontecimentos repentinos. Talvez eles sempre estiveram presentes e, de alguma maneira, nunca desaparecerão completamente”.
O frio é mesmo um personagem tão complexo e profundo que não basta conhecê-lo superficialmente. Somente em algumas viagens e apenas em alguns livros podemos realmente tentar compreende-lo, tocá-lo e efetivamente senti-lo.